quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Roman Opalka






Diante das pouquíssimas informações em português sobre Opalka, resolvi me aventurar, faço uma pequena análise sobre o seu trabalho.

Cada tela se chama Detalhe, persegue a grandeza do sublime, o que não se controla. Há mais de quarenta anos espera pela morte no seu sistema de repetições, pinta uma seqüência de números brancos sobre o fundo negro. Ao longo dos anos adicionou cada vez mais branco ao fundo, hoje o branco é no branco. Seu trabalho carrega o trauma do cárcere na juventude, onde o único anúncio do tempo era uma fresta de luz onde contava os dias, a liberdade acrescentou branco a sua vida, aquela pequena entrada de luz se alargou. Seu sistema privilegia a rotina, sua obra é uma prisão, durante toda vida não desviou uma linha do que se dispôs. Fugir do modelo que criou significa implodir o que construiu. Elegeu um tamanho de tela (196 cm x135 cm), um tamanho de pincel, diariamente pinta a passagem do tempo a partir do canto superior esquerdo, todos os números em ordem crescente, começando pelo número um, em fileiras horizontais. Como se aprisiona o infinito? Além de tirar diariamente fotos suas. Camisa branca, fundo branco. Opalka retrata sua degeneração, sua pequena morte diária, o tempo é sua obsessão, o que o levará inexoravelmente a morte.

Um comentário:

  1. Há um catálogo com versão en português que foi disponibilizado na Bienal de São Paulo de 1987, vale a pena conhecer.:

    séparation/Encontro através da separação/Meeting through separation.
    Sao Paulo/Buenos Aires, XIX Biennale Internationale de Sao Paulo/Centre Culturel, 1987. Stiff pictorial wrappers (softcover), 33 x 23 cms., approx. 120 pp. throughout illustrated. Rare. ISBN: 2865450600

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